Uma parte da minha pesquisa do mestrado está sendo orientada para a organização de padrões de crescimento e organização recorrentes no mundo e, consequentemente, no homem.
Montei esta postagem para organizar melhor um pouco das informações reunidas a este respeito, mas recortei aqui, dentre vários padrões que estão sendo reconhecidos, classificados através da similaridade formal e organizados em categorias, a forma do círculo.
Montei uma colagem entre um trecho de
"Imagens do Inconsciente", de Nise da Silveira, com algumas imagens do meu acervo para propor num diálogo ensaístico entre as diversas manifestações circulares até então recolhidas e o ponto de vista da psicologia de influência Jungiana de Nise.
As outras formas surgirão, aos poucos em futuras postagens...
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manda de Mira Schendel, 1975 |
"A palavra sânscrita mandala significa círculo, no sentido ordinário dessa palavra. Na esfera das práticas religiosas e em psicologia, refere-se a imagens circulares que são desenhadas, pintadas, modeladas e dançadas [...] Como fenômeno psicológico aparecem espontaneamente em sonhos, em certas situações de conflito e em casos de esquizofrenia. Frequentemente contém uma quaternidade, ou múltiplo de quatro sob a forma de cruz, quadrado ou octógono, etc [...]
Sua ocorrência espontânea na produção de indivíduos contemporâneos, permite à pesquisa psicológica fazer investigações sobre sua significação formal.
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Mandala sendo produzida por monges. |
Em regra a mandala ocorre em situações de dissociação ou desorientação psíquica, por exemplo em crianças entre os oito e onze anos cujos pais acham-se próximos do divórcio e em adultos que com resultado de uma neurose e seu tratamento confrontaram-se com o problema dos opostos na natureza humana e sentem-se por isso desorientados, e ainda em esquizofrênicos cuja visão do mundo tornou-se confusa devido à invasão de conteúdos incompreensíveis emergentes do inconsciente.
Em tais casos, é fácil verificar como o molde rigoroso imposto pela imagem circular, através da construção de um ponto central, com o qual todas as coisas vêm relacionar-se, ou por um arranjo concêntrico da multiplicidade desordenada de elementos contraditórios e irreconciliáveis, compensa a desordem e confusão do estado psíquico. Isso é evidentemente uma tentativa de autocura que não se origina da reflexão consciente, mas de um impulso instintivo." (JUNG, apud Silveira)
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JUNG, pintura componente do Livro Vermelho.
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"Com efeito, a imagens que mais fortemente sugerem ordenação - as formas circulares - estão presentes nas manifestações expressivas do homem desde os tempos mais remotos. Na arte pré-histórica, as formas circulares aparecem sob os múltiplos aspectos: bolas de calcário, cuidadosamente trabalhadas; escavações circulares sobre pedra, em trabalhos variados; perfurações circulares sobre bastões e instrumentos rituais; pontuações vermelhas ou negras, de dimensões diferentes, sobre rocha ou sobre o corpo de animais configurados nas paredes de cavernas." (Nice da Silveira)
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Enso, círculo Zen |
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Eva Hesse |
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Alice, 3 anos e 2 meses |
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ágata brasileira, col. Roger Caillois |
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Robert Morris Observatory, 1971. |
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célula, imagens sem referência de fonte, escala ou descrição. |
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desenho infantil |
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ilustrações de algas unicelulares, do livro de Ernst Haeckel |
"O círculo, designado por Platão, a mais perfeita das formas, exerceu seu domínio mágico desde os tempos primordiais" (Giedion,
S. L'éternel présente, La naissance de l'art)
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